A raiva é uma emoção humana natural, mas quando foge do controle, pode se tornar uma força destrutiva e quando recorrente pode evoluir para o transtorno explosivo intermitente (TEI), que é um distúrbio de controle de impulsos caracterizado por explosões incontroláveis e recorrentes de raiva, agressão verbal ou física desproporcional às situações.
Além disso, a raiva excessiva pode desencadear uma série de problemas físicos, emocionais e impactar negativamente nos relacionamentos.
O excesso de raiva pode transformar o interior de uma pessoa em um campo de batalha emocional, causando-lhe feridas muitas vezes profundas quando não controlada. Pessoas com baixa inteligência emocional se tornam vulneráveis a gatilhos que desencadeiam explosões de raiva.
A seguir, descubra 10 ferramentas para lidar com a raiva excessiva, e os danos à saúde mental causados pelo descontrole dessa emoção na vida pessoal e nos relacionamentos.
Qual transtorno deixa a pessoa agressiva?
O Transtorno Explosivo Intermitente (TEI), conhecido como a síndrome do Hulk, é considerado o transtorno do impulso, ou seja, a raiva excessiva. Geralmente é caracterizado por ocorrer 2 a 3 vezes por semana por um período de três meses e acontece de maneira recorrente.
Além disso, as pessoas explosivas após ataques de raiva, são acometidas por sentimentos negativos, como, por exemplo: culpa, vergonha, sentem-se deprimidas e podem apresentar crises de choro.
Também, manifestam uma baixa tolerância à frustração, visto que quando as coisas não saem do jeito que elas gostariam ficam mais incomodadas e por conta disso desenvolvem uma incapacidade de gerenciar a raiva e a hostilidade.
O que causa o surto de raiva?
Não existe uma única causa conhecida para a raiva excessiva, mas uma combinação de fatores biológicos, genéticos, ambientais e sociais pode contribuir para o desenvolvimento da condição. Aqui estão algumas das causas potenciais que têm sido associadas ao transtorno:
- Fatores Biológicos
Alguns estudos sugerem que anormalidades no funcionamento do cérebro, como desequilíbrios químicos ou disfunções no sistema de regulação emocional, podem desempenhar um papel na raiva excessiva.
- Fatores Genéticos
Há evidências de que a raiva excessiva pode ter uma predisposição genética, o que significa que indivíduos com histórico familiar de distúrbios de controle de impulsos ou transtornos de humor podem ter maior probabilidade de desenvolver a raiva excessiva.
- Fatores Ambientais
Traumas na infância, abuso físico ou emocional, negligência e exposição a um ambiente familiar disfuncional podem aumentar o risco de desenvolver a raiva excessiva. Situações estressantes ou experiências traumáticas ao longo da vida também podem desencadear episódios explosivos.
- Aspectos Sociais
Fatores como a falta de habilidade na comunicação eficaz, problemas interpessoais, isolamento social, falta de flexibilidade a situações estressantes e de suporte social, podem contribuir para a manifestação da raiva excessiva.
É importante destacar, que algumas crianças aprendam a serem mais impulsivas, por modelagem dos pais, ou seja, ao presenciarem os comportamentos explosivos dos pais, as crianças podem reproduzir as atitudes deles.
O que significa quando a pessoa tem raiva excessiva?
A raiva é uma emoção que pode ser desencadeada por uma variedade de situações e experiências. É uma resposta natural do organismo a situações percebidas como injustas, ameaçadoras, frustrantes ou desafiadoras.
Ter raiva em determinadas circunstâncias é comum e não necessariamente um problema. No entanto, quando uma pessoa tem muita raiva de forma constante ou quando a raiva é desproporcional às situações, pode ser um sinal de que algo está errado.
Como lidar com surtos de raiva?
Lidar com a raiva excessiva pode ser desafiador, mas é possível aprender a controlar essa emoção e minimizar seus impactos negativos na vida cotidiana.
Abaixo apresentamos algumas ferramentas que podem te ajudar a manter o equilíbrio frente a situações que desencadeiam a emoção da raiva.
1) Reconhecimento e aceitação: um passo importante é reconhecer que raiva excessiva é um problema em sua vida. Aceitar que essa é uma área que precisa de atenção é fundamental para a minimizar os danos causados.
2) Autoconhecimento: busque entender os gatilhos específicos que desencadeiam sua raiva excessiva. Isso pode incluir situações, pessoas, emoções ou pensamentos. Quanto mais você compreender suas fontes de raiva, mais fácil conseguirá lidar com elas.
3) Respiração profunda: uma das técnicas para o controle da raiva é a respiração. Quando sentir que a raiva está surgindo, pratique a concentração na respiração profunda. Inspire lenta e profundamente pelo nariz e expire lentamente pela boca. Isso ajuda a acalmar o sistema nervoso.
4) Afastamento: se possível, afaste-se da situação que está causando a raiva. Dê um passo para trás e ganhe algum tempo para se acalmar antes de reagir.
5) Técnicas de relaxamento: pratique técnicas de relaxamento, meditação guiada presencial ou em áudio, ioga ou relaxamento muscular progressivo. Isso pode ajudar a reduzir a tensão física e emocional.
No primeiro momento você pode achar um pouco desafiador, mas com o tempo e muito treino você estará condicionando sua mente e corpo ao estado de equilíbrio e domínio próprio.
6) Comunicação eficaz: aprenda a expressar suas preocupações, frustrações e necessidades de forma assertiva e respeitosa, em vez de agressiva.
7) Estabeleça limites: defina limites claros em seus relacionamentos e saiba quando dizer “não”. Isso pode evitar a acumulação de ressentimento e frustração.
8) Evite bebidas alcoólicas e outras substâncias: o uso de álcool e outras substâncias pode exacerbar a raiva e diminuir o autocontrole. Se isso tem sido um dos desencadeadores da sua raiva, evite-os.
9) Atividade física: a prática regular de atividade física libera hormônios como endorfinas que promovem sentimentos de euforia e bem-estar.
A serotonina ajuda na regulação do humor e na redução da ansiedade. Também a dopamina como estímulo interno de motivação e prazer, diminuindo o estresse e melhorando o equilíbrio emocional.
10) Comprometimento: comprometa-se com o seu processo de mudança. Escolha por sua saúde e paz de espírito. Mudar comportamentos se faz necessário quando estes estão impactando negativamente em nossa saúde mental, física e nos relacionamentos interpessoais.
Diagnóstico
O diagnóstico é feito a partir de uma análise realizada por um psiquiatra e um psicólogo. As explosões de raiva são classificadas em dois tipos:
- Leves: são as ameaças, ofensas, xingamentos, discussões, gestos obscenos, etc.
- Graves: são caracterizadas pela agressividade, como, por exemplo: quebra de patrimônio, objetos, ataques físicos com lesão corporal.
Dessa forma, as explosões e a agressividade têm que ser desproporcionais em relação aos fatores que as desencadearam, isto é, uma resposta de raiva muito exagerada em relação ao episódio que aconteceu. Com isso, também não podem ser premeditadas e não ter por finalidade intimidar ou mostrar poder.
Tratamento
O tratamento inclui uma combinação com acompanhamento psicológico, terapêutico e em alguns casos o uso de medicamentos. No tratamento medicamentoso são utilizados os antidepressivos para controlar a ansiedade, depressão e os impulsos.
Já no processo terapêutico, é utilizado a Terapia Cognitivo Comportamental (TCC), visto que na terapia o paciente terá ferramentas para conseguir gerenciar o sentimento de raiva e conseguir externalizar as emoções negativas minimizando o comportamento agressivo.
Dessa forma, o tratamento ideal é associar o tratamento farmacológico e o terapêutico, a fim de proporcionar um melhor resultado para o paciente.
Por fim, gostaria de citar uma passagem bíblica que diz o seguinte: “Melhor é o homem paciente do que o guerreiro, mais vale controlar o seu espírito do que conquistar uma cidade”. Provérbios 16:32