O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa, onde ocorre a perda gradual e progressiva das capacidades cognitivas, comprometendo a memória, as habilidades cognitivas e o comportamento da pessoa portadora da doença. É uma condição complexa que não apenas afeta a capacidade de recordar informações, mas também influencia a capacidade de pensamento, raciocínio e tomada de decisões.
A doença de Alzheimer é a principal e mais prevalente demência ao nível global, vale ressaltar que não é a única. Conforme o professor de neurociências da Universidade de Reading, na Inglaterra, a doença atinge pessoas com idade a partir de 50 anos, porém, não é descartada a possibilidade de atingir pessoas com menos idade, a chamada Alzheimer precoce, caso mais raro.
Conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que existam mais de 50 milhões de pessoas no mundo com algum tipo de demência, sendo que destes, 70% são diagnosticados com Alzheimer.
No Brasil, de acordo com Associação Brasileira de Alzheimer (BRAZ), estima-se que há cerca de 1,2 milhões de pessoas com a enfermidade. Outro dado relevante é o publicado pela Disease International Alzheimer´s (ADI), onde aponta um aumento significativo para 74 milhões de pessoas vítimas da doença até 2030. Confira na sequência, quais são as causas, sintomas e tratamento para o Alzheimer.
Conheça os fatores de riscos
- Envelhecimento
O fator de risco mais significativo é o envelhecimento. A maioria dos casos de Alzheimer ocorre em pessoas com mais de 65 anos. À medida que a população envelhece, o número de casos da doença tende a aumentar.
- Genética
Embora a ocorrência familiar seja relativamente rara, a doença pode ser herdada de forma hereditária, sendo mais comum em idosos a partir dos 65 anos.
- Emaranhados neurofibrilares
Outra característica do Alzheimer é a presença de emaranhados neurofibrilares, compostos por proteína Tau em desequilíbrio, causando alterações químicas anormais, o que pode interromper o funcionamento das células nervosas, levando ao estado de demência.
- Acúmulo de placas de proteína
O Alzheimer é caracterizado pelo acúmulo anormal de placas de proteína beta-amiloide no cérebro, que podem interferir na comunicação entre as células cerebrais e levar à morte celular.
- Inflamação e a Resposta Imune
A inflamação crônica no cérebro e a ativação anormal do sistema imunológico podem desempenhar um papel no desenvolvimento e na progressão da doença.
- Estilo de Vida
Certos fatores, como a falta de atividade física, dieta pouco saudável e outras condições médicas, podem estar ligados ao aumento do risco de Alzheimer.
- Fatores de Risco Cardiovascular
Doenças cardíacas, diabetes, hipertensão arterial e níveis elevados de colesterol podem aumentar o risco de desenvolver Alzheimer.
Quais são os primeiros sintomas?
Os 5 sintomas que devem ser observados, incluem:
I. Variação de humor: a pessoa que oscila muito seu estado de humor, fica nervosa por qualquer coisa, em outros momentos entra isolamento, tristeza, melancolia e depressão, pode estar apresentando um dos sinais.
II. Esquecimento e perdas frequentes de itens: como chaves da casa, contas a pagar, local onde deixou o carro entre outros.
III. Lapsos de memória: neste caso se refere a pessoa que assistiu ao filme ou noticiário recente e quando perguntado sobre o assunto ela diz não ter visto ou ouvido falar, se isso é frequente pode ser um dos sinais da doença.
IV. Raciocínio lento: com o avanço da idade isso é natural, agora se a pessoa percebe que não consegue realizar atividades que antes eram simples, este e outros sinais podem desenvolver o Alzheimer.
V. Isolamento: a pessoa em que tinha uma vida de interação com os demais e de repente começa a isolar-se, pode estar apresentando outro sinal de que pode ser o desenvolvimento do Alzheimer ou outra doença.
Lembrando que ter um destes sinais não significa que a pessoa tenha a doença, para isso, é fundamental buscar auxílio de um médico neurologista para o diagnóstico mais preciso.
Como é a memória da pessoa com Alzheimer?
A memória da pessoa com a doença de Alzheimer pode sofrer alterações conforme o estágio da doença, são geralmente identificados três estágios principais: leve, moderado e grave.
1) Estágio Inicial (Leve)
Nesta fase inicial, os sintomas podem ser sutis e muitas vezes passam despercebidos. Vejamos alguns dos sinais mais comuns neste estágio:
- Leve esquecimento recente, se perder facilmente;
- Dificuldade em encontrar palavras ou se perder em conversas, repetir perguntas;
- Dificuldade em realizar tarefas cotidianas, como lidar com as finanças e/ou pagamento de contas;
- Alterações de humor e personalidade;
- Perda ou extravio de itens.
Pode durar de 2 a 4 anos.
2) Estágio Intermediário (Moderado)
À medida que a doença progride, os sintomas se tornam mais evidentes e interferem nas atividades diárias. Neste estágio os sintomas se apresentam da seguinte forma:
- Dificuldade crescente em lembrar eventos recentes ou nomes de familiares;
- Dificuldade em executar tarefas simples; como se vestir, cozinhar;
- Confusão e mistura de memórias em relação ao passado e presente;
- Mudanças de comportamento, como agitação, agressão ou ansiedade;
- Necessidade crescente de assistência no cuidado pessoal e tarefas diárias;
- Dificuldade ao ler e escrever.
Este estágio pode durar por períodos mais longos, o que pode variar entre 2 a 10 anos.
3) Estágio Avançado (Grave)
No estágio grave, os sintomas se agravam significativamente, e o idoso se torna cada vez mais dependente de cuidados intensivos. Neste estágio são presentes os seguintes sintomas:
- Perda de consciência do ambiente e do mundo ao redor;
- Incapacidade de se comunicar verbalmente e reconhecer a si mesmo e os outros;
- Dependência completa para atividades diárias, como se vestir, comer e higiene pessoal;
- Dificuldades motoras, como dificuldade de locomoção e imobilidade;
- Redução ainda maior da memória.
O tempo de duração varia entre 1 a 3 anos. Vale ressaltar que a progressão da doença pode variar de pessoa para pessoa.
Qual a forma de tratamento para a doença?
A seguir, algumas características do tratamento da doença de Alzheimer:
Tratamento precoce
- Quanto antes iniciado, melhores os resultados e menor o risco de progressão da doença;
- Produz um leve melhora;
- Auxilia na não deterioração da memória e perda de funcionalidade.
Terapias Não Farmacológicas
- Terapia Ocupacional: Atividades para manter habilidades cotidianas e estimular a mente.
- Estimulação Cognitiva: Exercícios para manter funções cerebrais e cognitivas.
- Exercícios Físicos: Podem ajudar a melhorar o humor, a qualidade do sono e a função cognitiva.
Tratamento Farmacológico
O tratamento farmacológico consiste nos inibidores da acetilcolinesterase por via oral, como: a donepezila, a rivastigmina e a galantamina, e por via transdérmica, como a rivastigmina (Exelon Patch).
Os inibidores da acetilcolinesterase são utilizados na fase leve e moderada, enquanto, na fase moderada e grave é utilizado a memantina. Lembrando que para cada estágio da doença há uma combinação de remédios.
Suporte e apoio
Outra forma de tratamento é o apoio familiar e cuidadores para auxiliar no acompanhamento das pessoas que sofrem com a doença. O apoio familiar é de suma importância para melhorar a qualidade de vida do paciente.
Quais são as formas de prevenção da doença?
Segundo uma pesquisa realizada por brasileiros, existem 12 fatores para prevenir o Alzheimer e preservar a cognição, são eles:
1) Baixa escolaridade
Estudos sugerem que pessoas com níveis mais baixos de educação formal aumentam as chances de desenvolver Alzheimer. A educação ajuda a construir reservas cognitivas que podem retardar o impacto dos danos cerebrais, como, por exemplo o hábito de estudos e leitura.
2) Hipertensão
A pressão arterial elevada pode danificar os vasos sanguíneos do cérebro ao longo do tempo, prejudicando o fluxo sanguíneo e aumentando o risco de desenvolver a doença.
3) Perda auditiva
A perda auditiva não tratada tem sido associada a um aumento no risco de Alzheimer. A privação sensorial pode levar a mudanças estruturais no cérebro e diminuição da estimulação cognitiva.
4) Obesidade
A obesidade está relacionada a processos inflamatórios no corpo, que também podem afetar o cérebro. O excesso de peso está associado a um risco aumentado da doença.
5) Inatividade física (menos de 75 min. por semana)
A falta de atividade física prejudica a saúde cardiovascular e pode levar a danos nos vasos sanguíneos, o que, por sua vez, pode aumentar o risco de Alzheimer.
6) Depressão
A depressão crônica pode desempenhar um papel na degeneração cerebral e no desenvolvimento da doença de Alzheimer.
7) Trauma encefálico
Lesões cerebrais traumáticas, como as resultantes de acidentes, estão associadas a um risco aumentado de Alzheimer, especialmente quando ocorrem repetidamente.
8) Diabete
A resistência à insulina e o diabetes tipo 2 têm sido relacionados ao aumento do risco de Alzheimer. Acredita-se que a insulina desempenhe um papel na saúde cerebral.
9) Poluição do ar
A exposição a poluentes do ar pode causar inflamação sistêmica, que também pode afetar o cérebro e aumentar o risco de doenças neurodegenerativas.
10) Tabagismo
Fumar tabaco aumenta a inflamação e o estresse oxidativo no corpo, processos que podem prejudicar a saúde cerebral e aumentar o risco de Alzheimer.
11) Isolamento social
A falta de interação social e atividade mental pode contribuir para o declínio cognitivo. Manter conexões sociais e atividade mental é importante para a saúde do cérebro.
12) Abuso de álcool
O consumo excessivo de álcool pode causar danos cerebrais e aumentar o risco de desenvolver Alzheimer.
Por fim, a doença de Alzheimer é neurodegenerativa e não tem cura até o momento, mas existe tratamento. Em caso de dúvidas consulte o médico neurologista e faça o diagnóstico preciso, este conteúdo é informativo e não substitui o diagnóstico realizado pelo profissional médico.