O luto é uma experiência universal e natural a todos os seres humanos, sendo uma jornada emocional que começa quando perdemos algo importante em nossa vida. Todos nós, cedo ou tarde, teremos de encarar a dor do luto decorrente de uma perda significativa. Além disso, o luto engloba sentimentos como tristeza profunda, isolamento, introspecção, sentimento de vazio e desesperança.
O luto, como parte do processo de lidar com perdas, é uma reação intrínseca à condição humana. O uso do termo “inerente” enfatiza que o luto está profundamente incorporado à vida, sendo uma parte inevitável e essencial da jornada humana. Essa experiência e como ela é gerenciada, podem variar para cada um, por questões relacionadas à cultura, religiões, contextos sociais e convicções próprias.
Dessa forma, é fundamental respeitar seu tempo e permitir-se o espaço necessário para digerir a perda, até porque nenhum ser humano está imune à perda de alguém que ama muito. Evitar pressionar a si mesmo ou aos outros para superá-lo, é crucial para a cura interior.
Compreender e respeitar os estágios do luto é o primeiro passo para a cura interior. Ao buscar apoio, estabelecer a aceitação do luto como algo natural, cuidar da saúde emocional, explorar a espiritualidade e aceitar o próprio ritmo, é possível atravessar esse período desafiador com resiliência e emergir com um novo entendimento da vida e da morte.
A seguir, abordaremos as 5 fases do luto e apresentaremos estratégias de como vencer essa experiência desafiadora e comum a todos, de maneira respeitosa, aceitável e resiliente.
1) Fase: Negação e isolamento
Na fase inicial do luto, muitos indivíduos encontram-se imersos em um tumulto emocional caracterizado por negação e isolamento. A negação age como um escudo protetor, um mecanismo de defesa que tenta conter o impacto avassalador da perda, tornando a realidade quase inatingível.
Nesse estágio, a mente reluta em aceitar a irreversibilidade da ausência, buscando refúgio em uma ilusão temporária de normalidade. Ao mesmo tempo, o isolamento emerge como um instinto autônomo, fazendo a pessoa a se afastar daqueles que desejam oferecer consolo.
2) Fase: Raiva
Na fase da raiva, as emoções se desdobram em uma tempestade tumultuada de sentimentos intensos e, por vezes, desconcertantes. A raiva começa como uma resposta natural à perda, manifestando-se como uma força poderosa e avassaladora.
É uma reação à injustiça percebida, à sensação de impotência diante do destino e à frustração pela impossibilidade de reverter o ocorrido. Essa intensa emoção pode ir para diversas direções, seja para outras pessoas, para o universo ou para si mesmo.
3) Fase: Barganha
No terceiro estágio do luto, a barganha emerge como uma tentativa de encontrar um terreno comum entre a dor avassaladora e a busca por soluções ou respostas. Nesse estágio, as mentes frequentemente se voltam para a negociação imaginária, envolvendo-se em um diálogo interno de “e se” e “se apenas”.
É um período marcado por um esforço desesperado para reverter ou modificar a realidade, como se pudéssemos, de alguma forma, influenciar o desfecho. A barganha pode se manifestar por meio de promessas não cumpridas, tentativas de fazer acordos com forças superiores ou na busca incessante por explicações racionais para o que parece uma inexplicável injustiça.
4) Fase: Depressão
No quarto estágio, a depressão se instala como uma sombra profunda, envolvendo a pessoa em uma névoa densa de tristeza e desânimo. É uma fase em que a dor da perda atinge um ponto onde a ausência torna-se mais palpável, gerando uma sensação de vazio emocional e desesperança.
A depressão no luto não se refere apenas à tristeza, mas também à compreensão profunda da magnitude da perda. As atividades cotidianas podem parecer esmagadoras, e a motivação para participar da vida diária diminui.
5) Fase: Aceitação
No quinto e último estágio do luto, a aceitação se revela como uma luz suave no fim do túnel emocional. Neste ponto da jornada, a pessoa passa a acolher a realidade da perda com serenidade e resignação. Isso não significa esquecer a pessoa ou a experiência perdida, mas sim integrar essa ausência ao tecido da vida cotidiana.
A aceitação permite que a pessoa encontre um equilíbrio entre a lembrança amorosa daquilo que foi perdido e a reconstrução de um presente e futuro significativos. É uma fase de transformação, onde as feridas emocionais começam a cicatrizar, e a perspectiva de vida é gradualmente redescoberta.
O que acontece no nosso cérebro quando perdemos alguém que amamos?
Entender como as emoções associadas ao luto se processam em nosso cérebro nos ajuda a superar as fases do luto de forma aceitável sem perder a esperança de continuar a viver com a vida com otimismo e alegria de espírito.
Durante a perda “luto” algumas regiões do nosso cérebro são ativadas, são elas:
Amígdala: esta desempenha um papel central no processamento emocional e na resposta ao estresse. Durante o luto, a amígdala pode estar mais ativa, contribuindo para a intensidade das emoções associadas à perda.
Hipocampo: está envolvido na formação de memórias e na contextualização das experiências. Durante o luto, pode haver modificações nesta área, influenciando a maneira como as memórias ligadas à perda são processadas.
Córtex Pré-Frontal: O córtex pré-frontal, especialmente o córtex pré-frontal medial, está associado ao processamento cognitivo e à regulação emocional. Durante o luto, essa região pode estar envolvida na tentativa de entender e lidar com as emoções complexas associadas à perda.
Núcleo Accumbens: Este está associado às recompensas e à motivação. Durante o luto, pode haver alterações nas respostas nesta região, relacionadas à perda da recompensa emocional associada à presença do ente ou de algo significativo para a vida da pessoa.
Como superar o luto e a perda?
Superar o luto e a perda é um desafio individual, pois cada pessoa lida de maneira única com essas experiências. No entanto, aqui estão algumas estratégias que podem auxiliar no processo:
1) Busque apoio espiritual, psicológico e emocional; procure aconselhamento ou tratamento terapêutico;
2) Converse com a família ou amigos;
3) Seja paciente com você mesmo;
5) Envolva com questões sociais na comunidade;
6) Busque o autoconhecimento. Exemplo: leia livros;
7) Mantenha uma alimentação saudável;
8) Pratique exercícios físicos, de preferência ao ar livre;
9) Converse com pessoas que passaram por experiências semelhantes;
10) Escreva num diário os dias bons ou ruins.
Conclusão
Por fim, deixamos a seguinte mensagem bíblica: Eu lembro da minha tristeza e solidão, das amarguras e dos sofrimentos. Sempre penso nisso e fico abatido. Mas a esperança volta quando penso no seguinte: O amor do Senhor Deus não se acaba, e a sua bondade não tem fim. Esse amor e essa bondade são novos todas as manhãs; e como é grande a fidelidade do Senhor! https://www.bible.com/pt/bible/211/LAM.3.19-25.NTLH